domingo, 27 de fevereiro de 2011

Um sonho de Pierrot...E um beijo de Arlequim!

ARLEQUIM Dize: Queres-me bem?
PIERROT, Fala: gostas de mim?
COLOMBINA, hesitante: Eu amo-te , Pierrot...... Desejo-te, Arlequim...
ARLEQUIM, soturnamente: A vida é singular! Bem ridícula, em suma... Uma só, ama dois... e dois amam só uma!..
COLOMBINA , sorrindo e tomando ambos pela mão: Não! Não me compreendeis... Ouvi, atentos, pois meu amor se compõe do amor dos dois... Hesitante, entre vós, o coração balança:
A Arlequim: O teu beijo é tão quente... A Pierrot: O teu sonho é tão manso...
Pudesse eu repartir-me e encontrar a minha calma dando a Arlequim meu corpo e a
Pierrot a minh’alma! Quando tenho Arlequim, quero Pierrot tristonho, pois um dá-me o
prazer, o outro dá-me o sonho! Nessa duplicidade o amor todo se encerra: um me fala do
céu... outro fala da terra! Eu amo, porque amar é variar, e em verdade toda a razão do
amor está na variedade... Penso que morreria o desejo da gente, se Arlequim e Pierrot
fossem um ser somente, porque a história do amor pode escrever-se assim:

Um sonho de Pierrot...
E um beijo de Arlequim!

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